Garagem

À beira de um ataque de choro por lembrar do passado. É ele ultra-romântico desregulado, relógio atrasado que insiste em marcar ontem, colorindo o branco e o preto com infinitas matizes de cinza. Vai criança. Quinta eu o vi. Ele pintava em sua garagem a pueridade que lhe pertencia. Não ousei lhe dizer um não, e esperto que era, me mostrou como funcionava aquela brincadeira. "- Oh, rapazinho, já entendi, mas tenho que ir ali". O ali tem uns 15 anos e ele acha que estou pertinho. Gosto muito dele, muito mesmo, mas seu presente eu já abri." - Guardar o papel do embrulho debaixo do colchão faz voce ganhar outro". Ele sabe que não é verdade mas não precisa de mais brinquedos, a vida já o diverte. De vez em quando ele me olha sério, eu tento fugir." -Não tenho nada haver com isso, o sonho é só seu ". Ele entristece e fica resmungando no canto, dizendo que eu não sei nada....